09 de OUTUBRO DE 2019

Produção de calçados deve crescer 3% em 2019


Impulsionada pelo aumento dos embarques ao longo do ano, a produção de calçados deve crescer 3% em 2019. A previsão foi uma, das muitas, apresentadas em evento realizado ontem (8), na Fenac, em Novo Hamburgo/RS. O Análise de Cenários, promovido em conjunto pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), contou com patrocínio da Fenac.

O evento iniciou com a apresentação de Marcos Lélis, doutor em Economia e consultor do setor calçadista. O especialista comentou sobre os efeitos da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que tem provocado uma desaceleração no comércio mundial, que deve refletir ainda em 2020. No acumulado de 2019, as importações norte-americanas de produtos chineses caíram 12,6% e o caminho contrário também registrou queda, de 17,9%.

Lélis ressaltou que, além da guerra tarifária, a China utiliza das suas reservas internacionais - de mais de US$ 3 trilhões - para manipular o câmbio, o que tem reflexo imediato na economia mundial. “Em julho e agosto, quando houve um ruído nas negociações entre China e Estados Unidos, eles mexeram no câmbio, desvalorizaram o Yuan (moeda chinesa) e bagunçaram a economia mundial”, recordou, ressaltando que o país é o maior exportador do mundo.

Investimento
Segundo o economista, mesmo o PIB brasileiro crescendo 0,4% no segundo trimestre, afastando o risco de uma recessão, a economia ainda patina pela falta de investimentos substanciais em infraestrutura. “Tivemos esse crescimento puxado pelo setor de habitação, especialmente a de alto padrão no Sudeste, o que não é suficiente para um crescimento consolidado”, explicou, ressaltando que o crescimento, para se consolidar, precisa ser resultado de maiores investimentos no parque fabril (aumento da capacidade instalada), na construção civil de empreendimentos públicos e privados etc. “De toda forma, a notícia deu uma melhorada no ânimo, e resultou na expectativa de crescimento de 0,8% para 2019”, disse.

Efeito limitado
Para Lélis, somente a Reforma da Previdência, já em estágio avançado para ser aprovada no Senado Federal, não será suficiente para recuperar os investimentos no Brasil, especialmente porque ainda existe uma ociosidade de cerca de 25% na indústria, que segundo ele é o motor do crescimento da economia. “Ainda estamos com um baixo uso da capacidade instalada. Então, o empresário não irá investir neste momento”, disse, ressaltando a importância das parcerias público-privadas para a retomada mais substancial dos investimentos.

Calçados
Melhor do que outros setores industriais, segundo Lélis, o setor calçadista projeta um crescimento de 3% na produção de 2019, alcançando 972 milhões de pares.

Segundo a coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck, com o resultado, o setor ainda não recupera as quedas dos anos anteriores, voltando aos patamares registrados em 2014.
Priscila disse, ainda, que o resultado da produção deve ser puxado pelo incremento nas exportações, na casa de 10%, alcançando quase 125 milhões de pares. Já a expectativa de crescimento no mercado interno, que absorve 86% da produção de calçados, é de 0,8%.

A economista da Abicalçados falou ainda sobre o efeito da guerra comercial entre Estados Unidos e China e do acordo entre Mercosul e União Europeia. Segundo ela, o impasse comercial entre as duas potências gera oportunidades para o produto brasileiro, mas também para o calçado proveniente de outros países, especialmente Vietnã e Indonésia. Priscila destacou que no período de guerra tarifária, os dois países asiáticos ganharam 1,8% e 0,3% de participação no mercado norte-americano, respectivamente. O Brasil, por sua vez, ganhou apenas 0,2% em marketshare. Além disso, ainda como efeito do impasse, a China acaba tendo que pulverizar suas exportações para outros mercados, inclusive para o Brasil.

Com relação ao acordo entre Mercosul e União Europeia, Priscila destacou que o efeito deve ser positivo para o calçado nacional, mas que a parceria ainda precisa ser selada por todos os países envolvidos, o que irá demandar mais tempo para que o tratado entre em vigência. Após a implementação do acordo, os países ainda terão um prazo de desgravação tributária – até zeramento das tarifas de importação – de 7 a 10 anos. “Entrando em vigência, o acordo deve ter um efeito positivo, especialmente para os exportadores de calçados de couro, já que 60% dos produtos brasileiros que entram na Europa são construídos com esse material”, concluiu.

Na sequência, um painel reuniu Luciano D’Andrea, da gerência de Relações Internacionais e de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), e Rosnaldo Silva, diretor da Bibi e mestre em Engenharia de Produção e Sistemas. Mediados por Lélis e Priscila, os participantes falaram sobre os desafios da indústria calçadista brasileira diante da abertura comercial.

A iniciativa teve o apoio do Instituto Brasileiro do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), Associação Brasileira das Indústrias de Artefatos de Couro e Artigos de Viagem (Abiacav) e Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores do Couro, Calçados e Afins (Abrameq). Além da realização em Novo Hamburgo/RS, o Análise de Cenários está realizando um roadshow por alguns dos principais polos calçadistas brasileiros, já tendo passado por Birigui/SP e com eventos marcados para São João Batista/SC (14/10), Franca/SP (16/10) e Nova Serrana (22/10).
 

Fonte e foto: Abicalçados/Imprensa


COMPARTILHAR:
OUTRAS NOTÍCIAS
48ª Fimec chega ao fim reforçando posição do Brasil como um dos principais polos calçadistas do mundo
Com mais de 23 mil visitantes de 36 países, feira movimentou o setor nos últimos três dias, projetando crescimento para o ano
2º dia de Fimec movimenta setor com conhecimento técnico, atualização profissional e networking
Maior feira coureiro-calçadista da América Latina reúne atrações completas para impulsionar o desenvolvimento da indústria, atraindo visitantes de mais de 25 países em busca de atualização, negócios e novas parcerias
48ª Fimec começa com expectativa de impulsionar o crescimento do setor coureiro-calçadista na América Latina
Com soluções para toda a cadeia produtiva da indústria do calçado, feira projeta receber 20 mil visitantes durante os três dias. Evento acontece até quinta-feira (20) na Fenac, em Novo Hamburgo
Setor coureiro-calçadista apresenta novidades e busca parcerias estratégicas na Fimec 2025
Evento acontece de 18 a 20 de março, na Fenac, em Novo Hamburgo/RS
Fenac realiza leilão de bens inservíveis nesta sexta-feira (17)
Pessoas físicas e jurídicas podem participar do ato, que terá um trator entre os itens leiloados
Fenac lança editais para reforma dos pisos dos pavilhões e leilão de bens inservíveis
Melhorias na infraestrutura e angariação de recursos estão entre os objetivos das iniciativas
NEWSLETTER

As experiências que
acontecem na Fenac, agora,
na sua caixa de e-mail.

Cadastre seu e-mail e conecte-se com a gente.